Turner está comprando a Band

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Já se especulava no mercado há alguns meses, mas agora as negociações caminham para o final: o grupo Time Warner, através da Turner, está adquirindo o controle de 30% da Rede Bandeirantes de Rádio e TV. Com quase 50 anos de existência, a Band já chegou a ser a segunda rede do país, mas nos últimos anos vem perdendo anunciantes e – o principal – a confiança do mercado.

Pela legislação atual, um estrangeiro pode ter, no máximo, 30% do controle de uma concessionária de radiodifusão no Brasil. Se fosse possível, a Turner compraria 100%! O grupo americano – que é dono de vários canais pagos, tendo seu carro-chefe no Cartoon Networks (possui ainda TNT, CNN e outros) – decidiu há cerca de dois anos aumentar a aposta no mercado brasileiro. Comprou o ascendente Esporte Interativo (EI) e está provocando agito até dentro da Rede Globo.

Na semana passada, o EI anunciou ter fechado acordo para transmitir o Campeonato Brasileiro de Futebol, jóia do mercado publicitário, a partir de 2019, quando se encerram os contratos atuais da Globo. A especulação no mercado é que o EI está pagando nove vezes mais aos clubes… Nesse caso, as transmissões sairiam do SporTV e ficariam restritas aos canais EI (a Globosat manteria direitos apenas ao pay-per-view). Aqui, alguns detalhes sobre a investigação do Cade nessa questão. Vale lembrar que a Turner já comprou este ano a Champions League, antes tradicional na ESPN, dizem que também por uma fortuna.

O mercado de direitos esportivos para televisão é muito complexo para quem é de fora (aqui, publicamos uma boa explicação). Mas a entrada da Turner na TV aberta, se confirmada, tem efeitos e significados muito mais fortes do que a ação do EI. Apesar da família Saad possuir farto capital próprio, o fato é que a Band, como rede, se debate com a falta de conteúdo relevante. Opera hoje na semi-ilegalidade, já que aluga horários para igrejas diversas, o que é proibido aos concessionários de rádio e TV (conta com a conivência do Ministério das Comunicações e da Anatel, embora a empresa esteja sendo contestada na Justiça). Mantém apenas um programa de sucesso (o Masterchef), além de certo prestígio com o Jornal da Band.

O acordo com a Turner, segundo o site Yahoo, prevê que a empresa americana assumiria toda a parte artística, ficando a Band com o jornalismo. Novas notícias devem sair nos próximos dias.

Home vídeo, mercado em extinção?

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Se em outros países há entusiasmo com a chegada de mais conteúdos em 4K, aqui as últimas notícias são péssimas para quem ainda cultiva o hábito da videoteca particular. O muito bem informado Blog do Jotacê informa que empresas importantes do setor estão simplesmente saindo do país. Uma delas seria a Paramount-Universal (união de duas marcas centenárias em Hollywood), que está transferindo sua distribuição para a SPHE (Sony Pictures). Já a Fox, que no Brasil vinha atuando em parceria com a Sony, passa ao controle da Warner. E a Disney entrega suas operações para a Cinecolor.

Nenhuma das empresas confirma, mas são três pancadas simultâneas num mercado que, como se sabe, vem despencando há alguns anos. As chamadas majors (leia-se: os estúdios de Hollywood) não lançam nada de relevante em DVD ou Blu-ray, espaço que agora é ocupado pela internet (incrível a quantidade de sites piratas) e pelos serviços VoD, especialmente o Now (Netflix é mais para séries). Lojas virtuais, como a DVD World, oferecem um vasto catálogo de filmes de arte e/ou raridades para colecionadores, pouca coisa mais.

E la nave vá…

Blu-ray 4K agora é pra valer

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Sem Título-1Nesta segunda-feira, a UHD Alliance – consórcio de fabricantes e estúdios de cinema que apoiam o padrão Ultra High Definition (4K) de vídeo e televisão – certificou o primeiro player Blu-ray 4K, lançado no mês passado pela Samsung no mercado americano. Significa que a indústria decidiu mesmo dar impulso à produção e distribuição de discos de altíssima resolução, coisa que ainda estava em dúvida. Já havia certificação para streaming em 4K, mas como este depende da disponibilidade de banda a maioria dos especialistas acha que só mesmo os discos garantirão a entrega da qualidade prevista no UHD.

HO&A_037_UHDA_LOGO_FINAL_v6No início do ano, a UHD Alliancedivulgou as especificações para TVs 4K (com o selo ao lado), sem mencionar os players. Parecia desnecessário especificar também estes, mas a nova decisão pode dar mais segurança aos consumidores, já que, em princípio, tudo será divulgado de forma transparente. Uma das preocupações da entidade é evitar mal-entendidos como o dos “TVs 3K”, que causaram polêmica mundial (no Brasil, o caso mais marcante foi o dos primeiros TVs 4K da LG, como relatamos aqui).

A entidade informou já ter certificado ao todo 30 modelos de players Blu-ray 4K, que devem ser lançados nos próximos meses no mercado internacional (o Brasil, com a crise atual, deve ficar fora disso ainda por algum tempo). Além da Samsung, estão previstos lançamentos da LG, Philips e Panasonic. Todos deverão portar o selo acima.

Eis aqui um resumo das especificações, pelas quais o usuário deve procurar quando for adquirir um aparelho 4K (seja player, TV ou projetor):

Resolução de imagem: 3.840 x 2.160 pixels

Processamento de cor: WCG (Wide Color Gamut), em 10-bit, padrão BT.2020

Processamento de vídeo: HDR (High Dynamic Range)

Decodificador H.265, também HEVC (High Efficiency Video Encoding), para descompressão de sinal da internet

Obs.: os aparelhos 4K também devem ter acesso direto à internet.

Para quem ainda não viu, aqui está um comparativo entre os TVs 4K e os Full-HD convencionais. Este outro teste também é interessante.

Startup americana compra a B&W

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Foi confirmada nesta terça-feira a venda da inglesa Bowers & Wilkins para uma jovem empresa do Vale do Silício, a Eva Automation. Fundada há apenas dois anos, essa startup cresce rapidamente, apoiada por um fundo de investimentos chamado Formation 8, especialista no setor de tecnologia. Até agora, não foram revelados números do negócio, mas Joe Atkins, hoje o principal acionista da B&W, já pensava no assunto desde o ano passado.

Uma das líderes no segmento de áudio high-end, a B&W sofre como todos os seus pares a concorrência dos chamados “fabricantes de plástico”, com sistemas portáteis de baixo custo. Fundada há quase 100 anos, a empresa relutava em entrar nesse campo e, com isso, decepcionar seus devotados fãs. “Vamos ter que explicar isso a eles”, diz Atkins. “Com o tempo irão perceber que essa era a melhor solução para a empresa.”

De certa forma, esse acordo marca uma inversão no mundo atual: uma empresa centenária, com cerca de 1.100 funcionários e sólida reputação, é adquirida por uma micro desconhecida e com estafe de apenas 40 pessoas. Só não é surpresa para os investidores. Gideon Yu, presidente da Eva, era diretor financeiro do YouTube quando este foi comprado pelo Google, negócio estimado na época em US$ 2 bilhões. Depois, trabalho também no Facebook; hoje, é um dos golden boys do Vale.

Segundo Yu, a ideia é aproveitar o prestígio de uma marca consagrada para crescer nos segmentos de áudio e multiroom. Ao site de tecnologia da Bloomberg, ele prometeu que a marca B&W será seu carro-chefe. Curiosamente, Yu e Atkins só se conheceram há cerca de um mês.

Polêmica da banda larga vai longe

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Prestes a deixar o governo, a presidente Dilma acena com a possibilidade de assinar um pacote de maldades, como costumam dizer as línguas ferinas de Brasilia. Já que não conseguiu viabilizar os apoios de que necessitava no Congresso, a quase ex-mandatária deixaria decretos-bomba para o sucessor. Uma das medidas seria a proibição, pura e simples, dos planos de franquia nos serviços de banda larga.

Certamente não será com decretos demagógicos que se irá melhorar a prestação de serviços de telecom, nem atingir tarifas mais justas. A polêmica, como já comentamos, deve se estender por um bom tempo. É bom que seja assim, pois dará chance das pessoas conhecerem os diversos lados da questão. O colega Samuel Possebon, um dos mais competentes do setor, analisou detalhadamente asmotivações e implicações da portaria publicada pela Anatel suspendendo a aplicação de franquias por 90 dias (o conselho da Agência promete dar um parecer antes disso). No site Gizmodo, Felipe Ventura comenta reportagem do The Wall Street Journal relatando que a controvérsia também existe nos EUA. E ontem, na Folha de São Paulo, Julio Wiziack mostra os limites de dados das atuais franquias.

Vários outros artigos têm sido publicados, inclusive por gente da área técnica, sem falar das manifestações “políticas”, como da OAB, IDEC e entidades ligadas a internautas. Por mais que alguns (como é comum no Brasil) queiram simplificar as respostas, o caminho é se informar e não cair na armadilha da gritaria. Daqui do nosso cantinho, vamos tentando ajudar.

Internet das Coisas gera disputa entre consórcios

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Um grupo de gigantes da tecnologia – Microsoft, Intel, Cisco, Samsung e Qualcomm, entre outras – anunciou esta semana a criação da Open Connectivity Foundation. É o primeiro consórcio dedicado a normatizar o mercado de IoT (Internet das Coisas). A ideia é estabelecer protocolos “abertos”, que todos os fabricantes possam usar, não importando aspectos como sistema operacional, família de chips etc. Na teoria, qualquer pessoa poderia assim criar um novo dispositivo, ou aplicativo, para conectar aos que as empresas do grupo produzem. Não é bem novidade, vejam esta entrevista.

Digo “na teoria” porque essas mesmas empresas já participam de outros consórcios e o problema da padronização continua. Aliás, é o mesmo que afeta, por exemplo, os segmentos de Ultra HD (vejam aqui) e de comunicação sem fio, apenas para citar dois exemplos. Numa rápida pesquisa, encontramos nada menos do que oito consórcios voltados à IoT: Thread, Open Internet, AIOTI, IPSO, LoRa, Allseen, Industrial Internet e o próprio IoT Consortium, além dos já antigos Zigbee e Z-Wave.

Alguém aposta em um deles?

Disney pode comprar a Netflix

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Bastou uma nota assinada por um consultor financeiro de Nova York, especialista no setor de entretenimento, para detonar a boataria: a Disney, maior conglomerado de mídia do planeta, estaria negociando para assumir o controle da Netflix, a empresa que mais cresce nesse segmento.

Na verdade, ambas já trabalham muito em conjunto. Mas a Disney, financeiramente, está num mau momento. Seu CEO, Thomas Staggs, acaba de pedir demissão após o balanço de 2015 revelar a perda de nada menos do que 7 milhões de assinantes. Procura-se então um novo executivo-chefe, e este poderia ser Reed Hastings, fundador e atual presidente da Netflix, informa o site da revista Fortune.

Os dados mais recentes indicam que a Netflix já tem mais de 60 milhões de assinantes em todo o mundo e que caminha para 150 milhões até o final da década. Nos EUA, serviços concorrentes – como Amazon, Hulu e HBO – não conseguem lhe fazer sombra, embora seu modelo de negócio (séries originais e filmes não recentes à vontade, via assinatura de custo baixo) esteja sendo muito copiado.

Já existem até valores em discussão: a Disney pagaria algo em torno de US$ 100 bilhões, não tudo necessariamente em dinheiro, repassando a Hastings e demais executivos um percentual sobre as vendas de assinaturas; além disso, colocaria na rede da Netflix seus famosos personagens de animação e os conteúdos da ESPN.

É muito dinheiro, claro, mas não custa lembrar que foi exatamente assim que a Disney atraiu Steve Jobs e adquiriu a produtora de desenhos animados Pixar, em 2006. Jobs ficou mais bilionário do que já era, e a turma do Mickey evitou a expansão de uma grande concorrente.

A história pode se repetir agora.

Franquias: operadoras podem se complicar

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O comentário abaixo havia sido publicado aqui na sexta-feira 15; nesta segunda, a Anatel divulgou duas medidas aparentemente contraditórias. Primeiro, determinou (não proibiu) que as operadoras, por 3 meses, não reduzam a velocidade da conexão de banda larga fixa quando o usuário ultrapassar seu suposto “limite de dados”. Depois, o presidente da agência, João Rezende, comentou que a chamada “conexão ilimitada” não é mais possível, ou seja, não há como impedir que as prestadoras de telecom façam a redução. Enquanto isso, o movimento se amplia nas redes sociais contra a postura das empresas. Atualizamos aqui de acordo com a situação de momento. Como dissemos, a discussão está apenas no começo.

A polêmica em torno da cobrança adicional pelas franquias de dados de internet está apenas começando. A Vivo, principal defensora da ideia, já tem um belo abacaxi para administrar: seu vídeo publicitário veiculado na semana passada ganhou rapidamente uma sátira, mostrando que os usuários não vai aceitar passivamente a mudança.

A questão é complexa mesmo. Quem usa muito celular já sabe como funciona: cada pacote admite determinada quantidade de dados; quando se ultrapassa, a velocidade cai ou, então, a tarifa sobe. A ideia agora é estender esse esquema de cobrança às redes de banda larga fixa. Legalmente, não há como impedir, se isso estiver no contrato original. Na verdade, é o que já fazem há anos as principais operadoras. O erro da Vivo foi ter anunciado que seus novos planos incluirão um teto a partir do qual a velocidade será reduzida. Quem assinar um plano desses não terá do que reclamar depois.

Segundo a Anatel, o sistema de franquias pode ser praticado, desde que seja claramente explicado ao assinante, inclusive através de página na internet. Mas isso não convence os usuários, especialmente aqueles que utilizam grande quantidade de dados. Daí porque começou uma campanha online, que até sexta-feira passada teria colhido 350 mil assinaturas, segundo o Movimento Internet sem Limites, criado no Facebook.

Esse debate, que agora chega ao Brasil, já aconteceu em vários países. Tem a ver com a chamada neutralidade de rede, mas só até certo ponto. Não há como impedir que a operadora, “dona” da estrutura de comunicação, reduza a velocidade da conexão a partir de determinado ponto. A discussão internacional é de que essa seria a forma mais justa de oferecer o serviço: quem usa mais paga mais.

Embora o Ministério das Comunicações tenha solicitado à Anatel que evite abusos, na prática a agência não tem como fazê-lo. E cada operadora adota a política que julga mais conveniente (a Vivo, por exemplo, terá que fazer alguma concessão se quiser manter seus clientes agora tão insatisfeitos). Tim e Algar são duas que não querem adotar as franquias, garantindo que não bloqueiam acessos nem reduzem velocidades. A Tim, aliás, tenta aproveitar essa polêmica toda para reforçar sua imagem de “transparência”, como diz seu presidente Rodrigo Abreu, segundo o site Inova.jor.

Mas, como dissemos no início, a discussão está apenas começando.

Oi: uma série em oito temporadas

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16 de fevereiro de 2008: naquele dia, publicamos aqui o primeiro comentário sobre  a crise da Oi, que agora acaba de entrar com pedido de recuperação judicial, o maior do gênero na história do país. Na lei brasileira, isso acontece quando uma empresa reconhece que não tem mais condições de pagar suas dívidas (no caso, cerca de R$ 60 bilhões). Com forte ajuda dos governos Lula e Dilma, o grupo conseguiu continuar atuando nestes oito anos, apesar de todos os indicadores apontarem para uma gestão financeira no mínimo irresponsável. E agora há o risco de que o prejuízo seja estendido aos seus assinantes, alguns dos quais não têm nem a opção de mudar de operadora.

É como uma dessas séries dramáticas cujas temporadas vão se renovando a cada ano, com personagens que entram, aprontam e saem ao sabor da inspiração dos roteiristas. No início de 2008, o governo Lula anunciava seu plano de transformar a então Telemar numa “supertele”, capaz de competir com as gigantes Telefônica, América Móvil e DirecTV, inclusive em outros países. Alguns detalhes estavam no texto Para Onde Vão Nossos Bilhões?, publicado naquele dia.

Nesses pouco mais de oito anos, citamos aqui várias vezes o chamado “escândalo da BrOi”, com auxílio de sites especializados que a todo momento acrescentavam detalhes macabros da trama. Lembro particularmente do post Um Jantar de R$ 12 Bilhões, baseado numa reportagem de Elvira Lobato na Folha de São Paulo, que descrevia um encontro entre Lula e dois acionistas da empresa para sacramentar o desvio.

Outros comentários sobre o tema que saíram aqui: De R$2 para R$ 12 Bilhões (17/11/2008); O Novo Embrulho da Oi (14/07/2010); BNDES Continua Sendo Mãe (12/03/2013) e Banco dos Grandes Grupos (11/08/2010), este um microensaio sobre o papel do BNDES na política que depois seria apelidada de “bolsa-empresário”); Buraco Sem Fundo na Telefonia (07/02/2014); e o mais recenteTroca de Multas por Investimentos da Oi. Pode Isso?, de autoria do pesquisador Dane Avanzi.

Dois jornalistas de alto calibre contribuíram nos últimos dias para elucidar detalhes da “série”: Elio Gaspari, em A Oi e os Delírios da Privataria, que saiu na Folha e em O Globo; e Samuel Possebon, do portal Teletime, com A Oi e os Interesses dos Controladores. O mesmo Teletime, aliás, fez nos últimos anos vários editoriais alertando sobre os problemas financeiros do grupo.

BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, fundos de pensão… o leitor tem aí um painel de como foram conduzidas as políticas públicas nos últimos anos. E entender melhor por que a Oi está chegando a esse ponto. Com 1,2 milhão de assinantes de TV paga e quase 50 milhões de usuários de celular, a crise da empresa é uma ameaça ao consumidor. E, infelizmente, um atentado ao contribuinte.